sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

História da Rodovia Presidente Dutra: 67 anos e um caminho aberto para o desenvolvimento

Estrada foi considerada uma das mais modernas do País em sua inauguração. Sua história reúne alguns dos fatos da história do setor de Transportes Rodoviários, relembrando a época de ouro da ligação Rio-São Paulo.

Ônibus Caio Gaivota da Única. Ligação por ônibus entre RIO-SP pela Dutra era tão importante que havia serviços de bordo | Adamo Bazani
HOJE, 19 de janeiro de 2018, a Rodovia Presidente Dutra, considerada a principal ligação rodoviária do País, completa 67 anos.

Por ela, são transportados aproximadamente 50% do PIB – Produto Interno Bruto brasileiro. Atualmente, de acordo com informações da Nova Dutra, concessionária da rodovia desde 1º de março de 1996, 23 milhões de pessoas em 36 municípios, incluindo as capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro, moram no entorno dos 402 quilômetros da Presidente Dutra.

A história da Rodovia Presidente Dutra é cercada por vários símbolos: positivos e negativos, mas importantes para discussão do desenvolvimento econômico e social do Brasil. Ela pode ser considerada a imagem dos investimentos no setor rodoviário em detrimento dos transportes por trilhos, por exemplo, já que a ligação férrea entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro estava estruturada desde o final do século retrasado. É importante destacar que de fato um investimento não precisaria necessariamente anular o outro. Grandes países, que atingiram um nível de desenvolvimento notório, investiram nas estradas, nos ônibus, nos transportes por caminhões sem, no entanto, haver um sucateamento do transporte ferroviário.

Outro símbolo importante da história da Rodovia Presidente Dutra é a forma como cresceram as cidades e ampliação das áreas urbanas no país, principalmente ligando as duas principais capitais. Tanto é que diversas cidades foram se desenvolvendo ao longo da rodovia e seguindo em direção a ela. Em alguns trechos, como entre Guarulhos e a capital paulista, a Dutra pode ser considerada até uma verdadeira avenida pelo volume de tráfego urbano, incluindo motos, caminhões entrega, de coleta de lixo, de carros em deslocamentos curtos e de ônibus urbanos e metropolitanos.
Obras de duplicação da Rodovia que foi inaugurada em 1951. Estas obras terminaram apenas em 1967.
Um dos capítulos mais bonitos e ao mesmo tempo interessantes da história da Rodovia Presidente Dutra, além claro, dos seus números expressivos para construção, é justamente o desenvolvimento dos Transportes Rodoviários por ônibus, apesar da ampliação já nos anos de 1940 da ponte aérea Rio-São Paulo.
Até nos dias de hoje, mesmo com o barateamento dos preços das passagens aéreas, a ligação entre Rio e São Paulo é a mais movimentada e lucrativa para o setor de ônibus rodoviários.

Se hoje é assim, imagine então quando a ponte aérea era bastante movimentada, só que com bem menor demanda que atualmente. A concorrência entre três grandes empresas de ônibus, Viação Cometa, Expresso Brasileiro e Itapemirim (que sucedeu a Única) para conquistar os passageiros desta lucrativa ligação fez com que os transportes rodoviários se desenvolvessem num ritmo muito rápido para os padrões da época.

Em 19 de janeiro de 1951, com a participação do presidente Eurico Gaspar Dutra, era inaugurada a Rodovia Presidente Dutra, até então a BR 02, com uma solenidade em Lavrinhas, no Interior de São Paulo. A obra reduziu a distância entre as duas capitais em 11 quilômetros. A duplicação da Dutra só foi concluída em 1967.
Uma das imagens marcantes da inauguração foi a fila de ônibus importados Twin Coach, da Viação Cometa, antes mesmo da chegada dos Morubixaba que ocorreu somente em 1954.
A construção da Dutra reúne grandes marcas para a história das rodovias no Brasil. Os números que envolveram a construção impressionam ainda hoje, em um esforço de engenharia que envolveu 35 empreiteiras, milhares de trabalhadores e movimentação de toneladas dos mais diversos materiais. Acompanhe alguns números relembrados pela concessionária Nova Dutra:

2.657.746 m² de pavimentação;

1,3 milhão de sacos de cimento;

8 mil toneladas de asfalto;

20 mil toneladas de alcatrão;

15.000.000 m³ de movimento de terra;

300.000 m³ de cortes;

7.021 m de extensão em 115 pontes, viadutos e passagens;

19.086 m com 315 bueiros;

30 milhões de m² de faixa de domínio.

Março de 1996: início da concessão para a Nova Dutra

A Dutra também tem em sua história fatos tristes como a tragédia da Serra das Araras, no Rio de Janeiro, em 1967, quando um deslizamento provocou a morte estimada de mais de 1700 pessoas, com 300 corpos encontrados, e as mortes do cantor Francisco Alves, em 1952, e do Presidente Juscelino Kubitscheck, em acidente que ainda levanta dúvidas, em 1976.

Fonte: Diário do Transporte

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