Praça da Bandeira, dia 1 de fevereiro de 1974, aparentemente mais uma sexta-feira chuvosa no centro de São Paulo. Porém, a cidade estava prestes a viver o pior incêndio de sua história.
O edifício Joelma, conhecido atualmente como edifício Praça da Bandeira, foi inaugurado em 1971 e possui 25 andares. Localizado no número 225 da Avenida Nove de Julho é o protagonista da tragédia que marcou o centro da cidade.
O edifício Joelma em chamas |
Tudo começou por volta das 8h45 quando um funcionário ouviu um barulho de vidro se partindo no 12º andar.
Um curto circuito que começou em um aparelho de ar-condicionado se alastrou pela fiação e rapidamente tomou conta dos andares. O piso de acetato, as cortinas de pano e o forro interno de fibra sintética contribuíram para a propagação das chamas.
O cenário para a catástrofe estava montado. Em 15 minutos já era impossível descer as escadas, que localizadas no centro do edifício, foram rapidamente bloqueadas pelo fogo e fumaça tóxica dos combustíveis.
A ausência de escadas de incêndio espalhou, junto com as chamas, o pânico entre os ocupantes do prédio. Muitos contrariaram as normas de segurança e desceram pelos elevadores, mas mesmo assim, 422 pessoas conseguiram se salvar..
Pouco depois, o maquinário deixou de funcionar devido a uma pane elétrica causada pelas chamas. Sem ter como deixar o prédio muitos se abrigavam nos banheiros e parapeitos da janela.
Em um dos episódios mais dramáticos do incêndio, uma criança foi salva dos braços da mãe que saltou do 15º andar. A multidão acompanhou da rua o choro do bebe que ecoou imediatamente após o impacto da queda. Cerca de 179 pessoas morreram e 300 ficaram feridas e o mais trágico: 40 pessoas morreram ao pularem do prédio.
O corpo de bombeiros tentava agir em meio à confusão, o primeiro chamado foi recebido às 9h05 e às 9h10 duas viaturas já estavam no local.
Devido a grande dimensão do incêndio 12 auto bombas, 3 auto escadas, 2 plataformas elevatórias e uma incontável quantidade de veículos de salvamento participaram do resgate. O fogo terminou às 10h30 e às 13h30 todos os sobreviventes já haviam sido resgatados.
Muitas pessoas foram resgatadas das áreas dos banheiros com auxilio de escada mecânica. As que se alojaram no teto ficaram protegidas pelas telhas de amianto, material não-combustível e térmico que retém o calor.
Segundo a perícia realizada pelo corpo de bombeiros, o prédio não sofreu danos estruturais. Todo material combustível do 12º ao 25º andar foi consumido pelas chamas.
O edifício não tinha alarme manual ou automático. Não havia treinamento e nem sinalização para abandono e controle do pânico.
Apesar do material de construção ser incombustível, todo material de compartimentação dos escritórios, assim como, acabamento não eram e ajudaram a alastrar o incêndio. Após o incêndio, diversas histórias sobrenaturais ainda circulam o edifíicio, como o mistério das 13 almas.
Após a terrível tragédia, o Joelma ficou fechado por 4 anos para reformar e readequações e foi aberto novamente em 1978, já com o novo nome, Edifício Praça da Bandeira.
Texto da jornalista Juliana Colognesi!
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